Dilip, o homem de bom coração em nepalês, é um exímio artista em papel de arroz, tem 44 anos e três filhos.

Entre artes e chás, selecionei poucas coisas do artista porque estou no início da jornada, amanhã embarco para Delhi com restrição de bagagem e estava fazendo minha compra final para usar as últimas rúpias nepalesas.

A barganha é praxe por aqui e os preços chegam abaixo da metade da pedidaoriginal. A cada dia é possível refinar a prática da negociação.

O artista de coração bondoso calculou minhas compras, enquanto eu contava minhas notas. A seleção de itens foi maior que minha disponibilidade de rúpias e, conversando amistosamente com ele, fui desapegando devagarzinho de alguns mimos e indiquei minhas preferências para encerrar o negócio (se é que se pode chamar desta forma).

Ele insistiu que eu mantivesse todas as escolhas que me faziam feliz. E corou com a lição: o amanhã vai me trazer muito mais. Sua alegria é o meu presente para hoje. E ainda pediu que eu aceitasse um delicado calendário de 2014 para que me lembrasse daquele momento em que nós experimentamos a felicidade. — em Boudhanath, Nepal.

Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.