Aviral é tipicamente um jovem Geração Y de Nova Delhi. Terno bem recortado, sapatos cromados, inglês afiado. Como meu vôo atrasou, foi muito pragmático e convidou: você ainda quer chegar a Dharamshala?

Se está convicta de seu propósito precisamos mudar a programação. Vou dispensar o motorista e vamos correr do aeroporto para a estação de metrô e alcançar o seu trem a tempo do embarque. Sim! Os meios de transporte são integrados e dão um show de serviço, mesmo tendo lá as suas questões para resolver.

Destacou: Para esta decisão, saiba que você precisa deixar parte de sua bagagem, fique apenas com o essencial e corra. Corra com vontade de viver o que programou para os seus dias em Dharamshala. Temos muito pouco tempo.

Aceitei. Não tinha outra alternativa. Corremos pelas estações. Subimos escadas. Muitas. Passamos em, pelo menos, cinco inspeções de bagagem e de revista física da polícia indiana. Sem fôlego, pedi que ele esperasse por mim. Ufa.

O jovem, comprometido com o seu trabalho de receber, de forma impecável, os peregrinos em seu pais, me estendeu a mão e enfatizou: no trem você vai poder descansar. Agora use todas as suas energias para correr. Vamos juntos! E corremos de mãos dadas pelas escadarias da estação.

Saímos do metrô em direção ao trem e o cheiro de urina nos arredores era concentrado e cruel. Não mais de 5 minutos para chegar ao embarque antes que o trem partisse para Panthakot e ele ainda perguntava em hindi qual seria a estação. Elas mudam de local todo tempo e não há informações. É preciso obtê-las ‘no grito’. Literalmente.

Chegamos com 3 minutos para o embarque e o coração na mão. Ele me deixou com algumas rúpias, me deu um bolinho e biscoitos e brincou: agora é só esperar pelo chá. Boa viagem. E assim eu cheguei ao destino final, Dharamshala, com a bagagem essencial.  — em New Delhi.

Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.