A caminho de Fez, dirigindo o carro econômico e confortável que alugamos em Rabat, fui apreciando os campos cultivados, as oliveiras próximas da estrada, os burricos carregados, os pastores e suas ovelhas felpudas. Planícies infinitas, campos verdes, terra úmida e fértil, silos de feno cobertos com capricho.
Deixamos as montanhas de Chefchhaouen com temperatura de aproximadamente 5 graus e neblina bem fresca durante o dia. Curiosamente na cidade azul a segunda língua não é o francês como em Casablanca ou Rabat, mas o espanhol.
Ruelas – ou ‘calles’, como se diz na língua hispânica – estreitas, flores nas janelas, gatos e mais gatos, de todas as cores, pelas escadas. A pequena cidade segue a característica das medinas, que são conglomerados de casinhas e ‘riads’, muito próximos uns dos outros, que datam do período medieval. Para se ter uma ideia, uma das primeiras construções da cidade é de 1471.
Atualmente ‘riads’ são acomodações para visitantes. No passado eram as residências das famílias mais tradicionais. Pelo lado de fora uma grande porta não permite que se saiba o que há pelo lado de dentro. É absolutamente surpreendente. Não se pode imaginar que atrás de um portão rústico se esconde um prédio de vários andares com cobertura de visão panorâmica e deslumbrante.
Refeitos após a surpresa atrás do portão, seguimos para os passeios pela cidade e pequenas compras. Na volta, pedimos aos nossos anfitriões que falassem um pouco sobre o Islã e nos levassem até a Mesquita. Satisfeitos com nosso interesse pelo Islamismo e gratificados com nossa apreciação por Allah, oramos juntos e, em seguida, tomamos chá de menta com biscoitos. Reunidos e confraternizados, nos recolhemos cedo para dormir bem e seguir viagem.
Que mistério incrível pode estar encoberto atrás de uma porta simples? Porque, a propósito, nem sempre as entradas suntuosas vão nos levar aos ambientes mais surpreendentes. Cientes desta brincadeira divertida que a vida pode nos proporcionar, seguimos abrindo portas, suntuosas ou simples, em direção às revelações do destino.
Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br
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