Depois das celebrações da noite de Natal, decidimos pegar a estrada. Novas malas para comportar a bagagem essencial já estavam disponíveis na estrutura da moto. Era juntar poucos itens e partir.

É incrível como a motocicleta é uma máquina de emoção em trânsito. As vísceras se agitam de 0 a 100 em poucos segundos. Nos percursos urbanos nem tanto, mas na estrada é um ‘tsunami’ de emoção.

Correntes de ar quente e frio, ultrapassagens, serras sinuosas, paisagens lindíssimas, aventura, medo, alívio, circulação, formigamento: tudo ao mesmo tempo, agora.

Dois viajantes, um guiando, outra acompanhando: ambos tomados de absoluta confiança. Sim. Não se faz uma viagem destas sem confiança. Porque qualquer movimento indevido de um, pode provocar a queda dos dois. E ao carona, apenas a confiança. O controle é exclusivo de quem guia.

A permanência em uma única posição causa algum desconforto. A consciência corporal se expressa, reclama. E pequenos ajustes levam a um ponto ideal de imobilização: sentar sobre os ísquios e encontrar o seu ‘asana’. Entrar na postura e apreciar a paisagem. Em silêncio. Sentir a viagem dentro de si. Emoções em trânsito.

O movimento é premente. Quanto mais velocidade, mais estabilidade. É preciso colocar a máquina em movimento: movimento máximo, contínuo, assertivo e direto. Velocidade baixa é prenúncio de queda, incerteza, relutância. Uma máquina potente precisa de uso, consciente e tenaz. Ela resiste.

E assim fomos presenteados neste Natal. O Presente de viver. A vida no Presente. A sensação Presente. Ao Grande Espírito agradeço a vida, a confiança e a companhia.

Desejo para todos nós um Ano Novo de aventura e velocidade apreciada. — em Penedo, Rio de Janeiro.

Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.