Encontrando a sua própria versão na vida

Autor: De Souza Lima (Page 4 of 4)

Eterna aprendiz, criadora do Projeto Emoções em Trânsito e empenhada em apoiar indivíduos e grupos a encontrarem a forma mais genuína de estarem na vida: as suas próprias versões.
Graduação em Comunicação Social (UERJ), Especialização em Psicologia (PUC/RJ), MBA em Marketing (FGV/RJ), Mestrado em Administração de Empresas (PUC/SP), com pesquisa sobre Inovação, e formação livre em Arteterapia (AARJ 703/0316).
20 anos de trabalho em corporações e universidades, como professora da Graduação e da Pós Graduação. Viajante do mundo com passaportes carimbados em mais de 21 países.

Estados passageiros do Ser

Milan, que quer dizer encontro em nepalês, (aqui todos os nomes tem um significado) deve ter uns 37 anos, é guia de turismo e budista.

Observa os estrangeiros em suas visitas e o incômodo durante suas andanças pelos lugares inusitados dos passeios. São subidas, descidas, poeira, a absoluta saída da zona de conforto.

Acredita que os viajantes experimentam o sofrimento do mundo e tem a oportunidade de transmutar isto, já que fazem uma escolha consciente de viver o desconforto.

O que é a comodidade? O que é a inconveniência? São estados passageiros do ser. Nada é para sempre. Nem o bom. Nem o ruim. Impermanência. Desapego.

Para Milan o contraste entre o desconforto escolhido e o prazer esperado é a grande experiência de uma viagem.

Podemos promover esta transformação em nossas vidas todos os dias. Tudo passa. E rápido. O que eu gostaria de transformar hoje? — em Nepal.

Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.

A flor do Nepal

Manuka, que significa flor em nepalês, tem 23 anos e faz massagens ayurvédicas.

Mora só, porque passou sua infância em um orfanato, desconhece sua data exata de nascimento e até hoje nunca soube quem foram seus pais.

Acorda às 4h00, faz yoga e a comida, que vai levar para o trabalho. Às 5h00 vai para aulas de ‘management’ e às 9h00 começa a trabalhar no hotel mais sofisticado da cidade, que não oferece refeição para seus funcionários, por isto ela precisa prepará-la antes mesmo do nascer do sol. Pergunto se não se sente cansada. Ela diz que, às vezes, sim.

Aos sábados ela e o namorado fazem trabalhos voluntários nos orfanatos da cidade, porque não concordam com crianças que são vendidas para adoção, casamentos arranjados e prostituição.

Seus sonhos são conhecer o mar, gerenciar o próprio hotel e o seu orfanato.

A delicada flor nepalesa diz que é feliz e professa que as adversidades fazem as pessoas melhores. Esta pequena-grande mulher é um exemplo disto.

Ah! E, a propósito, Nepal significa:

Never
Ending
Peace
And
Love

— em Swayambhunath Stupa, Nepal.

Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.

O oriente que eu amo: silencioso, acolhedor e receptivo

Às nove da noite a cama já estava pronta e cheirosa para encontrar Morfeu no mundo dos sonhos.

Depois de uma noite abençoada no trem noturno de Bangkok para Chiang Mai, podemos aliviar o ritmo e acalmar a alma.

Este é o oriente que eu amo: silencioso, acolhedor e receptivo.

Bangkok é acelerada demais. Tanta informação que é impossível processá-la completamente.

Tempo de acalmar.
Rezar com os monges.
Tirar a maquiagem.
Lavar a alma.

Khan Pun Ka — em Chiang Mai, Thailand.

Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.

A cerimônia matrimonial definitiva

Agradeço à cosmopolita Debbie e ao superlativo Andrea não só as 12 horas de festa no Castelo de Osasco, como também as reflexões que um casamento grandioso e memorável podem promover.

Acredito que o verdadeiro matrimônio pressupõe um feminino íntegro. A palavra matri-mônio, ao contrário de patri-mônio, está relacionada com a mãe. Casar, ou celebrar o real matrimônio, é uma manifestação da anima plena. É quando duas qualidades, yin e yang, se reconhecem, se aninham, se acolhem e escolhem caminhar lado a lado pela jornada da vida.

As características de reconhecimento visceral e acolhimento incondicional são manifestações do feminino, independente de se expressarem em um homem ou em uma mulher.

E o que é casar senão combinar suporte e incentivo para uma viagem longa: a viagem pela vida? Até porque o equilíbrio dinâmico se dá a medida de cada passo. É preciso avançar um passo adiante do outro para que o verdadeiro equilíbrio se dê. No ritmo que convier a ambos. No mínimo devagar, mas, sempre. Com suporte e incentivo a vida flui.

Além da manifestação do casamento em si ser uma expressão do gênero, todos os seus adereços e mimos também são ‘coisas de menina’. O buquêt, por exemplo, é um companheiro temporário da futura esposa durante a cerimônia.

Originalmente concebido para perfumar a noiva, o buquêt era um recurso eficaz quando os corpos eram banhados apenas ocasionalmente.

Até o final da festa a noiva oferece suas flores para as amigas. A tradição defende que aquela que segura o buquêt arremessado será a próxima a se casar. Será? E se o buquêt arremessado for compartilhado entre várias amigas? Muitos casamentos em seguida! Até rimou 😉

Gosto de acreditar que flores e aromas ampliam o campo de intenção. Desta forma, se o verdadeiro matrimônio pressupõe um feminino íntegro, o compartilhamento do buquêt é não só um convite coletivo à redenção do feminino ferido, como também sua preparação para a maior cerimônia.

Concordamos que antes de qualquer ‘affair’, o encontro decisivo acontece na alma individual: anima e animus casados no ‘self’ são condição ‘sine qua non’ para que a realização amorosa aconteça na vida. Esta é a maior cerimônia que podemos promover para nós mesmos. A cerimônia definitiva.

E assim reunidos e aconchegados, no nosso próprio coração, podemos clamar e acreditar: que se consolide o amor amigo, o amor erótico, o amor companheiro, o amor verdadeiro.

Aos recém casados, Debbie e Andrea, agradeço, mais uma vez, a oportunidade de viver um momento tão mágico. Desejo a vocês a consciência, a paciência e a serenidade para viverem cada dia simplesmente. — em Piemonte, Itália.

Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.

Golden Temple: trabalho, oração e serviço

No Golden Temple, de Amritsar, conhecemos o sikhismo ou siquismo, em seu principal reduto de adoração no planeta. Trata-se de uma religião monoteísta fundada em fins do século XV no Punjab, região dividida entre o Paquistão e a Índia, pelo Guru Nanak (1469-1539).

Retratado como o resultado do sincretismo entre elementos do hinduísmo e do islão, o sufismo, o sikhismo professa três premissas de conduta aos seus seguidores:

1) Trabalho: alcançar o sustento através da prática de trabalho honesto;
2) Oração: manter Deus presente na mente em todos os momentos;
3) Serviço: partilhar os frutos do trabalho com aqueles que necessitam.

O Guru Nanak instituiu o sistema de cozinha e refeitório comunitários, que se perpetuou até os nossos dias, alimentando diariamente, de forma gratuita, mais de 50 mil pessoas: é incrível e emocionante de ver.

A fraternidade, o trabalho coletivo, o serviço comunitário e a igualdade entre gêneros, raças, credos e castas são valores desta religião.

Gratificante ver os sikhs participando da ‘seva’ ou ‘sewa’, que significa serviço altruísta realizado na maioria das religiões indígenas, nas tradições do yoga e do hinduísmo. O serviço ao outro é considerado uma prática devocional porque desta forma Deus, no outro, está sendo reverenciado de uma forma aplicada, cotidiana e tangível.

Experimentei o ‘karah prasad’, que é uma refeição sagrada feita à base de farinha, açúcar e manteiga batida. Todos os participantes da cerimônia religiosa de um templo sikh recebem este alimento, sem distinção de casta, nível econômico ou crença religiosa: um exemplo de receptividade, generosidade e evolução.

Agradeço aos sikhs, termo que significa em língua punjabi ‘discípulo forte e tenaz’ a inspiração para prosseguir meu caminho com trabalho, oração e mais serviço ao próximo. — em Amritsar.

Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.

Viajar só

Estou me despedindo de minha aventura individual. No final do dia de amanhã me junto ao grupo do Sagrado Sem Fronteiras, com Marco Shultz e Loka Daka.

Viajar só é mais que uma aventura. É um oportunidade singular de abrir o coração e acolher o inusitado: acontecimentos, pessoas, experiências.

Circular por aí com a companhia exclusiva do anjo de guarda é incrível: toda sorte de circunstâncias e pessoas apresentam-se e, só, é preciso tomar uma decisão, ou permitir a aproximação, seguir uma alternativa, a própria intuição.

Em grupo há outras possibilidades de ação e decisão, que neste caso, são tomadas coletivamente. Logo terei a oportunidade de vivenciar este formato.

De toda forma, nossa viagem pela vida é individual, mas nunca solitária. Chegamos sós e partiremos sós. Mesmo os gêmeos univitelinos saem separadamente da barriga de suas mães, e tem cartas astrológicas diferentes.

A viagem em sua própria companhia é uma celebração. Uma espécie de encontro com você mesmo, acompanhado de conversas íntimas, muitas vezes adiadas pelas agendas corridas do dia-a-dia. É uma festa. Uma boda consigo mesmo. Uma alegria.

Quando foi mesmo que você se proporcionou um momento mágico, um mimo, para fazê-lo mais realizado e feliz?

A viagem pela vida – única e extra-ordinária – deve ser prazerosa, sem esforço, fluida e leve como a brisa dos Himalayas.

Enjoy your trip. — em Kathmandu, Nepal.

Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.

O amanhã vai me trazer muito mais

Dilip, o homem de bom coração em nepalês, é um exímio artista em papel de arroz, tem 44 anos e três filhos.

Entre artes e chás, selecionei poucas coisas do artista porque estou no início da jornada, amanhã embarco para Delhi com restrição de bagagem e estava fazendo minha compra final para usar as últimas rúpias nepalesas.

A barganha é praxe por aqui e os preços chegam abaixo da metade da pedidaoriginal. A cada dia é possível refinar a prática da negociação.

O artista de coração bondoso calculou minhas compras, enquanto eu contava minhas notas. A seleção de itens foi maior que minha disponibilidade de rúpias e, conversando amistosamente com ele, fui desapegando devagarzinho de alguns mimos e indiquei minhas preferências para encerrar o negócio (se é que se pode chamar desta forma).

Ele insistiu que eu mantivesse todas as escolhas que me faziam feliz. E corou com a lição: o amanhã vai me trazer muito mais. Sua alegria é o meu presente para hoje. E ainda pediu que eu aceitasse um delicado calendário de 2014 para que me lembrasse daquele momento em que nós experimentamos a felicidade. — em Boudhanath, Nepal.

Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.

Uma longa jornada se inicia com o primeiro passo

Compartilhar histórias é um convite ao exercício particular da imaginação.

Imagens belíssimas chegam a seu tempo.

Emoções compartilhadas tem um formato mais discreto, com a humilde intenção de promover reflexões coletivas.

É uma forma de agradecer ao Grande Espírito o presente recebido. Aceitar. Retribuir.


Abrace com a alma a travessia que lhe é proposta.
A vida se encarregará da bússola.
Confie e avance.

Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.

Newer posts »