Encontrando a sua própria versão na vida

Categoria: Emoções em Trânsito (Page 3 of 4)

Navegar no Ganges

Navegamos no Ganga – forma como os indianos chamam o seu reverenciado rio – após o entardecer e nas primeiras horas da manhã, antes do nascer do sol.

Tivemos momentos marcantes: diante da casa onde se hospedava Krishnamurti, mais à frente no crematório e, em seguida, os ghats.

Krishnamurti, educador contemporâneo da filosofia indiana, chama atenção para a contemplação, que é uma forma de se manter concentrado no momento presente e dele extrair ensinamentos e informações para a vida aqui e agora. O local de repouso do educador, às margens do rio, é de uma calma e beleza contagiantes.

Diante do crematório, o fogo de Shiva está vivo há milhares de anos queimando corpos para que as almas, desta forma libertas, sigam seus caminhos à uma nova morada. Especialmente à noite as chamas altas e a energia densa podem provocar incômodo.

Nos ghats, onde se realizam as cerimônias diárias de oferendas e agradecimentos, todos se reúnem em absoluta comunhão: indianos, turistas, crianças vendendo flores e demais miudezas para os visitantes e sadhus – que são místicos praticantes de ioga, monges andarilhos para o hinduísmo. É uma mistura colorida que coloca a multidão lado a lado, todos os dias.

Cada um destes momentos ganha características distintas à noite ou durante o dia. Trata-se de contemplação, impermanência e da própria qualidade de olhar do observador: como estou me sentindo aqui e agora? Durante à noite fiquei incomodada; pela manhã vivenciei uma meditação reveladora no mesmo local.

O mergulho d’alma no Ganga é profundo e pode mexer em areias escuras. É preciso um tempo significativo para a areia sedimentar e revelar preciosidades. Ainda não é possível ver com clareza os peixes. Mas eles estão lá, nadando com desenvoltura e beleza. — em Connaught Place, New Delhi.

Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.

Navegar é preciso

Chegamos à Varanasi para navegar pelo Rio Ganges, um dos cursos d’água sagrados da humanidade.

Navegar é preciso. Permitir-se fluir pelas águas sagradas é oportuno.

O convite é para contemplação. Entrar em contato com a sabedoria que ultrapassa 5000 anos e dá ritmo para mais de 1 bilhão de indianos. E para tantos outros, que reverenciam este saber.

Terra de Shiva, agradeço a recepção.

Namaskar. — em Varanasi.

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Paciência e aceitação

Muito cansada depois de um vôo cancelado pela névoa e substituição pelo trem noturno, atrasado, para chegar à tempo em Delhi e me juntar ao grupo.

Gostaria de avançar, mais adiante, em três conceitos :

1) O trinômio saúde – tempo – recur$o e sua função de alicerce para nossa jornada. Características e implicações. Vamos pensar juntos?

2) Saber – poder – querer – calar: como paramos para entrar em contato com o saber profundo da alma; nos convencemos que somos capazes de qualquer propósito e que isto é, de fato, o mais adequado para nós e, enfim, aguardamos o amadurecimento antes de compartilhar, o que inadvertidamente pode ser desestabilizado por interferências, mesmo as mais inocentes e queridas.

3) Paciência. Muita paciência. E aceitação.

Namastê queridos. — em New Delhi.

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Confiança e entrega

Controlar é uma tendência que aflora especialmente em situações de adversidade. Mas quem controla vôo atrasado e bagagem extraviada? Fazem parte da jornada de aventura.

Trata-se de entrega. Quando todas as alternativas de intervenção, pertinentes a alçada pessoal de ação estiverem esgotadas, é preciso confiar no que o fluxo do universo vai trazer em seguida.

Confiança e entrega. Quando são tomadas as atitudes, de confiar e entregar – com o coração aberto – há um relaxamento e, em seguida, a solução. Sem esforço. Sem ‘pre-ocupação’.

É surpreendente observar os acontecimentos se acomodarem e acolher o aprendizado oferecido. No final tudo está perfeitamente como deve ser.

Embalar, separar, conferir. É hora de prosseguir a viagem novamente.

Com a bagagem essencial é possível encontrar espaço para novas aquisições e presentinhos inesperados.

Agradeço aos Mestres de Cura, de Luz e ao Dalai Lama sua acolhida e bênçãos a mim e a  TODAS  as minhas relações.

— em Dharamshala.

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Viagem com a bagagem essencial

Aviral é tipicamente um jovem Geração Y de Nova Delhi. Terno bem recortado, sapatos cromados, inglês afiado. Como meu vôo atrasou, foi muito pragmático e convidou: você ainda quer chegar a Dharamshala?

Se está convicta de seu propósito precisamos mudar a programação. Vou dispensar o motorista e vamos correr do aeroporto para a estação de metrô e alcançar o seu trem a tempo do embarque. Sim! Os meios de transporte são integrados e dão um show de serviço, mesmo tendo lá as suas questões para resolver.

Destacou: Para esta decisão, saiba que você precisa deixar parte de sua bagagem, fique apenas com o essencial e corra. Corra com vontade de viver o que programou para os seus dias em Dharamshala. Temos muito pouco tempo.

Aceitei. Não tinha outra alternativa. Corremos pelas estações. Subimos escadas. Muitas. Passamos em, pelo menos, cinco inspeções de bagagem e de revista física da polícia indiana. Sem fôlego, pedi que ele esperasse por mim. Ufa.

O jovem, comprometido com o seu trabalho de receber, de forma impecável, os peregrinos em seu pais, me estendeu a mão e enfatizou: no trem você vai poder descansar. Agora use todas as suas energias para correr. Vamos juntos! E corremos de mãos dadas pelas escadarias da estação.

Saímos do metrô em direção ao trem e o cheiro de urina nos arredores era concentrado e cruel. Não mais de 5 minutos para chegar ao embarque antes que o trem partisse para Panthakot e ele ainda perguntava em hindi qual seria a estação. Elas mudam de local todo tempo e não há informações. É preciso obtê-las ‘no grito’. Literalmente.

Chegamos com 3 minutos para o embarque e o coração na mão. Ele me deixou com algumas rúpias, me deu um bolinho e biscoitos e brincou: agora é só esperar pelo chá. Boa viagem. E assim eu cheguei ao destino final, Dharamshala, com a bagagem essencial.  — em New Delhi.

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Abrigo para os buscadores

Dharamshala significa:

Dharam= espiritual
Shala= abrigo
Em síntese… Abrigo para os buscadores espirituais.

Dalai Lama e aproximadamente 200 monges tibetanos vivem aqui em função do domínio chinês no Tibet.

Serenos, promovem a meditação e a fraternidade.

Meus companheiros (as) de viagem, sintam-se todos abrigados e abraçados.

Lembrem-se que a cura do SER, essência de cada ser humano, é a cura de todos nós. — em Daramshala.

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Estados passageiros do Ser

Milan, que quer dizer encontro em nepalês, (aqui todos os nomes tem um significado) deve ter uns 37 anos, é guia de turismo e budista.

Observa os estrangeiros em suas visitas e o incômodo durante suas andanças pelos lugares inusitados dos passeios. São subidas, descidas, poeira, a absoluta saída da zona de conforto.

Acredita que os viajantes experimentam o sofrimento do mundo e tem a oportunidade de transmutar isto, já que fazem uma escolha consciente de viver o desconforto.

O que é a comodidade? O que é a inconveniência? São estados passageiros do ser. Nada é para sempre. Nem o bom. Nem o ruim. Impermanência. Desapego.

Para Milan o contraste entre o desconforto escolhido e o prazer esperado é a grande experiência de uma viagem.

Podemos promover esta transformação em nossas vidas todos os dias. Tudo passa. E rápido. O que eu gostaria de transformar hoje? — em Nepal.

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A flor do Nepal

Manuka, que significa flor em nepalês, tem 23 anos e faz massagens ayurvédicas.

Mora só, porque passou sua infância em um orfanato, desconhece sua data exata de nascimento e até hoje nunca soube quem foram seus pais.

Acorda às 4h00, faz yoga e a comida, que vai levar para o trabalho. Às 5h00 vai para aulas de ‘management’ e às 9h00 começa a trabalhar no hotel mais sofisticado da cidade, que não oferece refeição para seus funcionários, por isto ela precisa prepará-la antes mesmo do nascer do sol. Pergunto se não se sente cansada. Ela diz que, às vezes, sim.

Aos sábados ela e o namorado fazem trabalhos voluntários nos orfanatos da cidade, porque não concordam com crianças que são vendidas para adoção, casamentos arranjados e prostituição.

Seus sonhos são conhecer o mar, gerenciar o próprio hotel e o seu orfanato.

A delicada flor nepalesa diz que é feliz e professa que as adversidades fazem as pessoas melhores. Esta pequena-grande mulher é um exemplo disto.

Ah! E, a propósito, Nepal significa:

Never
Ending
Peace
And
Love

— em Swayambhunath Stupa, Nepal.

Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.

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