Reflexões de Ano Novo nas pirâmides sagradas do México.

Véspera de Ano Novo é tempo de revisão: o que fizemos, o que faremos e aquilo que agradecemos. Decidi ir ao México, mais especificamente à Tepoztlan, para fazer estas reflexões. Foi uma escolha acertada. Da Cidade do México nos dirigimos à Casa Azul, colorida e inspirada na residência de Frida Kahlo em Coyoacán.

A ideia era fazer uma série de atividades que permitissem um mergulho mais profundo em nós mesmos. Uma meditação com olhos fechados e giro da cabeça para ambos os lados: relaxamento e movimento foi a proposta inicial da jornada. Mês a mês analisamos os feitos do ano que estava por se encerrar.

Algumas anotações e o compartilhamento com o grupo antes que pudéssemos nos recolher para descansar. O dia seguinte começaria com o nascer do sol e uma caminhada silenciosa à pirâmide sagrada.

Passo a passo, cada um no seu ritmo, observamos o sol no horizonte. Escadarias, pedras, terra batida, solos distintos. Inspiração, expiração, expiação. Passadas compassadas. Pegadas firmes.

Troca de olhares com os caminhantes que cruzavam o caminho. Eles já de volta da visitação à pirâmide. Paramos para interagir? Ou seguimos para o topo do nosso destino? Como fazemos a nossa travessia pela vida? Vigiar o nosso comportamento neste pequeno, porém árduo, percurso era o convite da reflexão naquela oportunidade.

Doña Modesta, suas ervas sagradas e perfumadas.

À tarde uma conversa profunda e gostosa com uma sábia da floresta ensinando cantos, orações e o uso de ervas. Em espanhol misturado com alguma língua nativa, Doña Modesta, falava baixinho, quase um sussurro, uma prece, praticamente um mantra relaxante. Que tarde agradável perfumada pelas ervas e embalada pela voz delicada da senhora das matas.

Estávamos preparados para o temazcal de ano novo. Passamos o dia em relaxamento. A grande sauna nativa sagrada aconteceria nas últimas horas do dia 31 de dezembro. 

O temazcal é um ritual de grande seriedade na tradição nativa. É uma oportunidade de aprofundar nossa visão. Suar, cantar, expurgar, limpar. Abrir a porta da tenda para entrada de mais pedras quentes. Mais calor, mais transpiração, mais consciência, limpeza e espaço para o novo. E entre uma abertura e outra, minha pergunta descontraída: será que já é ano novo no Brasil? E uma gargalhada geral tomou o ambiente. Sim! Já era Réveillon no Brasil! 

O ápice da seriedade é dar expressão ao que é espontâneo em nós. Respeitar e reverenciar as manifestações sagradas não subtrai sua alegria e a espontaneidade do momento. Você tem tido oportunidade de se expressar? Como você se coloca em diferentes circunstâncias? A espontaneidade faz parte da sua vida? Desejo que você esteja à vontade nas suas ‘rodas de prosa’ e andanças por aí.

Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.