Foram 4 horas do Rio para Santiago do Chile. Mas este voo agradável atrasou e precisamos correr para embarcar para Auckland. Cheguei na aeronave e meu lugar não era o que imaginei. Pedi para trocar. Aeronave lotada. A comissária indicou um assento e logo me acomodei. Em seguida, chega a dona da cadeira e, gentilmente, pede a minha saída. O lugar que eu havia considerado inadequado originalmente já estava ocupado. Descompasso.
Vou para o fundo do avião e encontro uma cadeira disponível, entre uma moça e um garoto. Não teve jeito. Seria aquela posição mesmo, durante 13 horas. Insatisfação.
Acomodo minha bolsa de mão. Já estamos na hora da decolagem. Falta manta, travesseiro. Desorganização. Observo minhas sensações. Não posso controlar todos os elementos.
E uma pequena surpresa quebra o mal estar. A moça ao meu lado, antes mesmo que eu pedisse para equipe de bordo, me passa uma embalagem lacrada com manta e o travesseiro. Acho que ela percebeu o meu descontentamento. Diz para que eu fique confortável porque já vamos decolar. E aquela gentileza, tão discreta, me aconchega. Trocamos sorrisos. Recuperação da alegria.
Durante o jantar, celebramos os três, a moça, australiana e psicóloga, de volta de suas férias incríveis na América do Sul, o rapaz, estudante, nascido no interior do estado do Rio, quase meu conterrâneo, realizando sua primeira viagem internacional, ainda surpreso e curioso, e eu, perfeitamente acomodada entre ambos.
Uma parte de mim quer desvendar a alma. Outra parte de mim é eterna aprendiz. Não havia local mais apropriado a estar, simbolicamente, do que entre uma psicóloga australiana e um estudante fluminense. Perspectiva e referência. Oportunidade e alicerce.
Depois da refeição e do vinho, dormi muito bem. Sono dos anjos em posição vertical. Curiosamente o conforto que eu busquei no ambiente não se configurou: poltrona, posição, lotação. Apenas quando aceitei, relaxei e entreguei, meu corpo descansou e me retribuiu. Foi uma ótima viagem, no lugar certo e entre companhias adequadas. — em New Zealand.
Por Valéria de Souza Lima. Para uso deste conteúdo, favor incluir a autora e a fonte desta publicação www.emocoesemtransito.com.br.
Deixe um comentário